Por Dante Mantovani

Porque vocês acham que incontáveis gerações de artistas tomaram Roma e as cidades históricas da Itália como fonte de inspiração para suas obras-primas? Dante Alhiguieri, Stendhal, Goethe, Rainer Maria Rilke, Tchaikovsky, Mozart, Rossini, Nietzsche, que tinham em comum? Sabiam eles que existe um fundamento objetivo para a beleza, muito bem traduzido e preservado na arquitetura e nas belas-artes da Península, a saber, os mesmos parâmetros constitutivos da realidade natural e de nossa capacidade metafísica de apreensão do real. Nossa própria estrutura perceptiva estrutura-se dialeticamente, e opera por intermédio de instrumentos orgânicos pareados, como por exemplo, dois olhos, dois ouvidos, dois membros superiores, dois inferiores, dois hemisférios cerebrais, os quais habituam-se à captação das diferenças entre noite e dia, entre calor e frio, entre conforto e desconforto e assim por diante. Essa estrutura dialética da realidade é condensada, para usar um termo aristotélico – analiticamente, em padrões conceituais de simetria, equilíbrio, harmonia e perfeição, que são a base da arte e da cultura do ocidente, cujo manancial greco-romano é até hoje fonte incessante de renovação estética. Ao mesmo tempo, o princípio oposto, dionisíaco, disruptivo, efusivo e revolucionário, sob medida, contribui dialeticamente para afirmação do princípio transcendental da beleza. A quem interessa o fim da beleza? Apenas a quem odeia a realidade, pois, como demonstrei, a beleza segue fundamentos objetivos, advindos da próprio estrutura metafísica do universo e de nosso aparato de percepção e apreensão do Real.