Hoje foi um domingo atípico, no qual não parei um segundo, acorreram-me inúmeros trabalhos e cuidados familiares. Como gosto de ler aos domingos, deu 23h00 e nada eu tinha conseguido ler. O apetite por transitar entre os mais variados campos do saber em leituras edificantes foi então substituído pelo poder de síntese da música. Pensei: em uma hora ao piano posso transitar por tantos lugares, estéticas, países e mentalidades quanto o faria ao passar o dia inteiro a ler inúmeros romances, tratados, biografias, crônicas históricas, poesias. Assim foi feito: realizei o seguinte percurso: Chopin (polonês, romântico); Sibelius (finlandês, expressionista); Schumann (alemão, romântico); Beethoven (teuto-vienense, clássico); Bach (alemão, alto barroco); Debussy (francês, impressionista); e para finalizar, uma obra que é um tratado de harmonia e poesia ao mesmo tempo, a balada n.4, de Brahms (teuto-saxão, clássico-romântico), que permite descer tão fundo na alma humana quanto os romances de Dostoiévsky ou os sonetos de Dante Alhiguieri.
Quantas leituras literárias eu teria que fazer para aproximar-me de tamanho passeio pelo mundo da cultura? Não estou a sugerir que a cultura musical possa substituir a literária, mas apenas que a música é um caminho rápido e eficaz para o aprimoramento cultural, espiritual e intelectual.

Entendem agora qual é o poder da música?